O Mito da Proteína
Mas, de onde
você tira suas proteínas? Esta pergunta parece ser, para aquele
que a faz, o único argumento necessário para enfrentar
o vegetarianismo. As pessoas, em nossa sociedade parecem obsediadas por
proteína, mesmo aquelas que sequer sabem definir
o significado da palavra. No entanto, a proteína é um dos nutrientes
mais fáceis de serem obtidos.
Adotando-se hábitos
alimentares inadequados, uma pessoa pode desenvolver uma deficiência
de vitamina A, vitamina C, cálcio, mas é quase impossível
desenvolver uma deficiência protéica em uma dieta caloricamente
adequada. Para que possamos melhor compreender como isto acontece,
devemos calcular nossas necessidades diárias
de nutrientes como porcentagem de calorias. Cada grama de
proteína fornece quatro calorias. Portanto, se uma batata que
pesa cem gramas fornece 7,2 (1,8 vezes 4) calorias na forma de proteína.
, ou 9,6% (7,2 dividido por 75 vezes 100) das calorias totais na forma
de proteína. Aplicando-se o mesmo cálculo ao brócolis,
o trigo, o arroz, etc., obtemos os resultados vistos na tabela
abaixo.
O NRC (National
Research Council) é um órgão do governo americano responsável
pela elaboração de guias alimentares e determinação
das necessidades nutricionais do indivíduo de acordo com sua idade
e estado fisiológico (RDA). As informações por ele
produzidas são utilizadas em vários países de todo
o mundo, inclusive
o Brasil.
Segundo o NRC, um adulto do sexo masculino requer uma
ingestão
diária de 2.700 calorias, onde devem se incluir 56 gramas de proteína.
Estes 56 gramas de proteína representam 224 calorias das 2.700 calorias
totais, ou seja, cerca de 8,3%. Para adultos do sexo feminino, a recomendação
é de 2.000 calorias, onde devem ser inclusos 44 gramas
de proteína, ou cerca de 8,8%. Temos então que a recomendação
adotada mundialmente é que se obtenha de 8 a 9% do
total de calorias do dia na forma de proteína.
A tabela abaixo mostra claramente que os alimentos de origem
vegetal fornecem
muito mais do que 8% de suas calorias na forma de proteína, exceto
as frutas. Se o indivíduo ingerir calorias suficientes a partir destes
alimentos, ou seja, se ele ingerir, por exemplo, 2.700 calorias comendo
apenas batatas, brócolis e trigo durante o dia, suas necessidades
protéicas serão supridas mais do que satisfatoriamente, a
não ser que ele adote uma dieta baseada exclusivamente
em frutas.
Conteúdo
Protéico de Alguns Alimentos de Origem Vegetal:
ALIMENTOS
|
CALORIAS / 100 g
|
% CALORIAS DERIVADAS DE PROTEÍNA
|
Brócolis
|
32
|
45
|
Broto de Alfafa
|
29
|
43
|
Tofú
|
98
|
34
|
Lentilha
|
340
|
29
|
Couve-Flor
|
41
|
27
|
Pepino
|
15
|
24
|
Grão de Bico
|
360
|
23
|
Feijão
|
337
|
22
|
Trigo
|
330
|
17
|
Milho
|
96
|
15
|
Centeio
|
334
|
14
|
Amêndoas
|
598
|
12
|
Aveia
|
348
|
11
|
Batata
|
75
|
10
|
Cenoura
|
42
|
10
|
Arroz Integral
|
358
|
9
|
Banana
|
85
|
5
|
Maçã
|
56
|
2
|
RDA Adulto
|
2000 – 2700 / dia
|
8 – 9
|
Deficiências
Reais
Existem possibilidades
de um indivíduo desenvolver uma deficiência
protéica, mas estes são casos muitos específicos.
Uma maneira é não ingerir uma quantidade suficiente de alimentos,
sejam estes de origem vegetal ou animal. A imagem de crianças desnutridas
que vemos na
televisão ou nas ruas é um exemplo típico de desnutrição
protéico-calórica. Mas estas crianças (ou adultos)
não apresentam carências exclusivamente protéicas,
elas também sofrem de carências
de vitaminas de A a Z , calorias, ferro, cálcio e etc.. A proteína
não será um problema desde que se ingira uma quantidade suficiente
de alimentos e, caso não hajam alimentos em quantidade suficiente,
a proteína não será o único nutriente com que se preocupar.
Outra maneira de desenvolver uma deficiência protéica é
ingerir grandes quantidades de álcool e açúcar. Ambos
não contêm proteína
e são grandes fontes de calorias. Mas, novamente, estes dois “alimentos”
também são pobres em todos os nutrientes (vitaminas, minerais,
lipídios, carboidratos complexos) e uma deficiência
protéica não será a única a se desenvolver.
Devido
à suficiência – ou abundância – de proteínas
nos produtos de origem
vegetal, o consumo de produtos de origem animal (carnes,
ovos e derivados do leite) é totalmente desnecessário para
suprir nossas necessidades protéicas. O único produto de origem animal
necessário à nutrição humana é o leite
e este deve ser, obviamente, humano. Após o período de amamentação,
como o próprio
nome sugere, o leite deixa de ser necessário ao homem ou a qualquer
outro mamífero. O leite materno, que vem fornecendo proteína
aos humanos em fase de amamentação por milênios, fornece apenas
6% de suas calorias na forma de proteína, enquanto o leite
de vaca fornece, exageradamente, 22% de suas calorias na forma
de proteína.
A
Superioridade Dos Vegetais
Não somente
é a proteína vegetal suficiente, mas ela é também superior à
proteína animal. A carne, por exemplo, seja ela qual for, é
composta por proteína, gordura e algumas vitaminas e minerais. Ela não contém
um grama sequer de carboidratos ou fibras. A busca por uma quantidade
exagerada de proteína leva à perda de massa óssea
(osteoporose) e o consumo excessivo de gorduras é
o principal fator na ocorrência dos mais variados problemas de
saúde.
O importante é notar que os produtos animais são realmente
mais ricos em
proteína do que os produtos vegetais e isto, contrariamente
à crença popular, não traz benefícios à saúde,
mas sim prejuízos.
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